Meditar é a experiência em que o fazer se reduz a apenas ser, e tudo se simplifica, se aquieta, repousa e silencia nessa presença incondicional.

Contemplar é o ato de identificar-se completamente com a noção de espaço e com a natureza estética e generosa do presente.


Círculo é o começo e o fim entrelaçados.
Lua cheia no céu da visão panorâmica.
Forma e vazio, vazio e forma.
Mente como espaço vazio.
Taça vazia de interpretações.
Pintor a um átimo antes de arremessar o pincel
sobre o papel em branco.


O enso (círculo) é o símbolo da Escola de Meditação e Artes Contemplativas. Ele tanto significa arte, linguagem, como meditação e experiência da presença autêntica.




COMEÇAR E INTRODUZIR-SE NA MEDITAÇÃO

A meditação é uma prática pedagógica de treinamento e refinamento da atenção. Nós começamos assentando a atenção em um foco no presente, e aí repousamos a mente livre de distrações. A simplicidade que envolve essa abordagem é tão direta, que qualquer pessoa sinceramente interessada pode começar a praticar. Essa base pode ser aprendida e praticada nos cursos introdutórios (ver datas e locais).

Foto de João Ricardo da Silva

OS QUATRO MITOS QUE IMPEDEM A MEDITAÇÃO

O primeiro deles diz respeito à mídia (revistas semanais e programas televisivos) e a informação fantasiosa, de que meditar é uma coisa que se faz e se fica interessante, diferente, na moda. Essa é uma forma de artificializar algo que tem um aspecto muito mais interior que uma imagem exterior. O segundo é o cientificismo que transforma a meditação em algo revolucionário para a saúde, do tipo “solução rápida”, como tomar aspirina e passar a dor de cabeça. Embora o relaxamento propiciado pela meditação afeta positivamente a saúde e o modo de ser, isso não acontece de maneira quase mágica. Os dois motivos citados “coisificam” a meditação, ou seja, transformam o assunto em algo que “se toma e logo passa”. O terceiro problema é o contexto religioso e ritualístico, que está muito bem para quem se identifica com ele, mas que afasta e impede de aprender, pessoas que não estão interessadas em religião. Cria-se uma junção entre religião e meditação, que na sua essência não é totalmente procedente. Não é preciso acreditar ou seguir alguma religião ou grupo para meditar. A figura do Buda associada à meditação é recorrente e histórica, mas o princípio da pratica da atenção existe em diversas culturas e momentos. O último impedimento é o totem da mitificação da meditação. Costumeiramente se diz que meditar é parar de pensar. Esse é o problema maior, pois alguém que senta para meditar, na esperança de parar os pensamentos, apenas percebe quanto pensamento tem dentro de si. É certo que uma pessoa assim não irá se encorajar a continuar. Meditar não tem que ver com pensar e nem com parar os pensamentos. Quando meditamos aprendemos a soltar os pensamentos, ou apenas tomamos consciência deles, ao contrário de parar de pensar, ou lutar contra os pensamentos.



NOÇÕES SOBRE A MEDITAÇÃO

“Podemos ter a experiência pura de estar simplesmente aqui, e experimentaremos o que é estar livre de necessidades, significados e interpretações pessoais. A meditação pode nos ensinar a contatar com este espaço mais amplo, ou vacuidade, que descansa mais além da constante busca de um significado pessoal. A meditação pode operar uma transformação radical em nosso modo de viver. Quando começamos a soltar nosso apego a nós mesmos uma sensação mais ampla de vitalidade impregna tudo quanto fazemos. A meditação não pretende solucionar problemas ou nos fazer sentir melhor senão que nos proporciona um espaço para que possamos permitir ser como somos, e então descobrir nossa natureza essencial (mais além de todas as nossas histórias e problemas).”John Welwood, psicólogo clínico e diretor do East/West Psychology Program, Califórnia Institute of Integral Studies de San Francisco


“Há uma falta grave em todo processo educacional desde o momento em que nascemos. Não somos ensinados a pensar, mas ao contrário, nos dão conceitos determinados de como são as coisas, e desde esse momento não vemos mais as coisas como elas são, mas com as coberturas que nos ensinaram, ou, usando uma terminologia sufi, com véus que cobrem as coisas. Pior do que isso é que todo o sistema de educação, principalmente do ensino fundamental a universidade, não existe nem de perto uma educação para a atenção e o foco. Ninguém ensina como ficar atento e por conseqüência presente a experiência. Talvez por isso a educação mais se assemelha a produzir máquinas do que pessoas criativas. A atenção é a base e a essência da meditação. É o que aprendemos quando começamos a meditar, e a refinamos em distintos níveis de percepção, compreensão e sabedoria.”Sérgio Veleda, professor de meditação e artes contemplativas

“A disciplina da meditação foi concebida para que todo aquele que pratique possa converter-se em uma boa pessoa. Todo mundo deveria ter uma existência régia. Quando alguém se senta em uma almofada de meditação, não deveria vacilar no seu intento de ser como um rei ou rainha, de sincronizar sua mente e corpo e tentar ter uma boa postura física. Durante a meditação tudo deve simplificar-se, e nos ocupamos com simplicidade e honestidade, mantendo uma boa postura, seguindo a respiração e depois a mente. Trabalhar com a sua respiração, seguindo a respiração, o que é algo comum e corrente. Depois inclui os pensamentos discurssivos na prática e voltamos continuamente para a respiração. Ao mesmo tempo em que tenta ser seu próprio guia que lhe conduz ao momento presente – a estar aí – tanto como seja possível. A prática de sentar e meditar não é tão árdua, tentemos simplesmente seguir seu aspecto realista e ordinário.”Chogyam Trunpga, professor erudito de meditação e criador do Naropa Institute de Boulder, Colorado


DIFERENTES FORMAS DE PRATICAR A MEDITAÇÃO

As formas de meditação são tão variadas como as tradições antigas de onde surgiram, e da atualização desse enfoque no mundo contemporâneo. Existem formas de meditação que trabalham diretamente com a mente. Existem práticas de meditação que incentivam as emoções. Há maneiras de meditar em que o corpo é usado tanto de forma ativa como branda. Muitas formas de meditação dão ênfase a ação como forma de estabilizar a mente, ao contrário da imobilidade e da não ação. Existem formas de meditação que visam fechar os sentidos para o espaço exterior, e outras que buscam abrir os sentidos para fora. Todas essas formas e seus exercícios específicos visam uma única coisa, o desenvolvimento do estado de presença no presente imediato, e os conseqüentes estados de silêncio, calma, relaxamento, refinamento dos sentidos, bem estar, satisfação e alegria genuína. A pedagogia principal da Escola de Meditação e Artes Contemplativas com a formação que oferece, é a interface entre todos esses aspectos em uma visão que amplie o desenvolvimento da atenção e da presença em diferentes níveis.



VALE DO SER





LIVRO: A ARTE DE QUILIBRAR-SE SOBRE UM FUNDO VAZIO



Esse livro é uma introdução breve de uma perspectiva particular ao autor, para apresentar uma visão do Budismo secular, não canônica, e nem religiosa ou acadêmica. Uma noção do Budismo baseada no fundamento da meditação, onde a metáfora soltar-se sobre o espaço vazio, é apresentada como o âmago da prática meditativa. Com uma linguagem poética e fluente, os temas básicos do Budismo são abordados e simplificados para uma leitura didática, sem deixar de ser criativo e diferente.